terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ausência-distância-morte-falta-saudade e afins.


Ausência é assim. Em doses homeopáticas, tudo vai se perdendo.

É tão estranho pensar como a ausência física pode interferir tanto na ausência espiritual e mental das pessoas não é mesmo?

É tipo assim, você perde alguém (seja lá porque motivo for) e aos poucos também vai se esvaindo de você o toque, o cheiro, o timbre de voz,o sorriso,o semblante e aí vão sendo levados também os sentimentos - parece que qualquer tipo de sentimento vai sendo substituído por saudade e dor- enfim,tudo aquilo que estava impresso em você vai indo embora junto com o tempo.

O tempo vai adormecendo e distanciando e levando e... Cada vez mais transformando tudo em vaga lembrança. O dia-dia corrido e a rotina atribulada vão trocando as prioridades e necessidades de posição no qual aquela pessoa que foi embora (seja lá porque motivo for) já não se encaixa mais.E por isso, o tempo vai passando e a necessidade de pensar naquela pessoa vai passando também. E vai,vai,vai... Até que um dia você tente lembrar pelo menos do rosto daquela pessoa e talvez necessite de uma foto para fazer isso. Ou então busque o cheiro em outros cheiros e não consiga nem mais pensar como era aquilo. Você suspira, suspira e não consegue encontrar mais. Daí você percebe que a ausência daquela pessoa levou um pedacinho de você também. Se sente ausente de você um pouco, talvez.

E aos casais que se distanciam (seja lá porque motivo for), o gosto do beijo parece que vai ficando cada vez mais distante e vai se tornando amargo, porque ele se mistura com o gosto da saudade e da tristeza e da falta e da carência daquela pessoa... aff! E se tenta buscá-lo em outra pessoa, você se confunde e se ilude porque nunca alguém pode substituir o gosto de uma outra pessoa impresso em você.Dói,dói muito,é fato.

Mas lidar com as faltas e as ausências também é uma tarefa do ser humano.Ninguém está isento disto.A todo tempo precisamos lidar com a falta de algo em nossas vidas,principalmente a falta de pessoas queridas,amadas e necessárias. A fase do luto pela perda(seja lá porque motivo for ), não é nem o início do processo lento e doloroso em que aquela pessoa vai sendo levada de você.

Sem dó nem piedade ela vai sendo arrastada até mesmo de dentro de você, pelo tempo. Eu ainda não sei lidar com ausências, eu sinto lonjuras e sofro de distâncias , como diria Caio Fernando de Abreu. Mas acho que no fundo,nenhum ser humano sabe,finge que sabe. Cada um é quem sabe a falta que o outro faz em si.



“Alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo.” (Caio Fernando de Abreu).



Jéssica Carvalho [ ouvindo "Só Agora"].

3 comentários:

  1. "...você se confunde e se ilude porque nunca alguém pode substituir o gosto de uma outra pessoa impresso em você." ler isso e finalizar com o "Cada um é quem sabe a falta que o outro faz em si." me deixou mais que reflexiva.
    Gatan, vc simplesmente arrasou no post, estou encantadissíma aqui e se me permite: ASSINO EMBAIXO ;)

    ResponderExcluir
  2. Ahhh, e para quem está passando por esse processo de distanciamento (seja lá porque motivo for), eu recomendo que se apeguem ao pedido de Caio Fernando:

    "O que tem de ser, tem muita força. Ninguém precisa se assustar com a distância, os afastamentos que acontecem. Tudo volta! E voltam mais bonitas, mais maduras, voltam quando tem de voltar, voltam quando é pra ser. Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu?!"

    ResponderExcluir
  3. Isso meeeesmo! Já,reli e internalizei isso! hahaha

    ResponderExcluir